domingo, 4 de outubro de 2009


DESVIOS ERRADOS E BALDES QUE VAZAM

É muito frequente nos sentirmos impedidos de mudar de curso por causa do elevado valor que julgamos ter investido no caminho errado. Temos a impressão de que mudar de rumo significaria admitir que desperdiçamos até mesmo maior parte da nossa vida. Este fato parece doloroso demais para suportar. O que fazer com os desvios errados, com os anos de imitação?
Precisamos entender que esses anos não foram desperdiçados. Todos os nossos desvios fazem parte da nossa história. A única maneira de realizarmos as marcas da nossa alma é através do caminho que percorremos. Ao assimilar esta afirmação, você pode olhar para trás, vendo todos os emaranhados e becos sem saída do seu caminho, e entender porque você teve que passar pelas experiências que viveu. Você não esteve em nenhum lugar onde não precisasse estar. A história a seguir exemplifica muito bem as palavras do autor acima:

- Todas a manhãs, o carregador de água de Stanislav saía do poço na periferia da aldeia e percorria a pé as mesmas ruas do lugarejo, carregando dois baldes de água para seus clientes. Diariamente ele executava esta rotina com uma alegria simples.
  Certo dia, o carregador estava particularmente feliz e começou a cantar no caminho. Mas sua canção foi interrompida por um som de choro vindo de um dos baldes. O balde disse: "Como você pode cantar com tanta alegria? você está cego? não percebe que tem na mão um balde de má qualidade? Você não se dá conta de que há anos eu venho vazando? Olhe para o outro balde. Ele não vaza. Não sei por que você não me jogou fora há muito tempo.De que adianta um balde que vaza?
  O carregador de água respondeu delicadamente ao balde: " Não, meu balde, é você que está cego. Veja bem, vou lhe mostrar".
  Com essas palavras, o carregador fez um grande movimento em direção ao solo debaixo do balde, apontando para o caminho que eles percorriam há anos. "Olhe, meu balde vazante, para seu lado do trajeto; veja as margaridas amarelas, os vermelhos morangos silvestres,o verde exuberante. Olhe agora para o outro lado do percurso, veja o solo debaixo do meu resistente balde que não vaza; lá só existe terra e cascalho. Toda essa beleza acontece por causa do seu vazamento. Durante anos você regou este lado do caminho, tornando-o a mais bela estrada de Stanislav. É seu vazamento que me faz cantar!"
  Vazando enquanto avanço, pelo menos tenho a esperança de ter deixado atrás de mim uma fileira de margaridas para enfeitar a estrada. E cabe perguntar:
 Será que não somos todos vasos imperfeitos para a luz? Vazando iluminação ao longo do caminho?


TEXTO RETIRADO DO LIVRO - "As marcas da alma".
 DE: MARC GAFNI
         DESCOBRINDO  SUA  IDENTIDADE  ESPIRITUAL.

Ao finalizar a leitura do livro - " As marcas da alma"; dedico esse texto a todos os visitantes do blog e em especial ao grupo do Yahoo o qual sou membro.





Um comentário:

Anônimo disse...

Segundo Santo Agostinho, "a consciência, como mente humana, reflete as normas eternas impressas em nós, do mesmo modo que a chancela imprime num pedaço de cera conservando a imagem, ainda que sucessivamente continue gravando um múltiplas tabuleta." Nós somos o que devíamos ser, nunca mudamos...