sorridente, ao nascer do dia,
ele sai de casa com a sua rede.
vai caçar borboletas, mas fica preso à frescura do rio que lhe mata a sede ou ao encanto das flores do prado.
Vê tanta beleza à sua volta,
que esquece a rede em qualquer lado e antes de caçar já foi caçado.
À noite, regressa a casa cansado
e estranhamente feliz...
porque a sua caixa está vazia,
mas diz sempre, suspirando:
Que grande caçada e que belo dia!
Antes de entrar, limpa as botas
num tapete de compridos pêlos
e sacode, distraído,
as muitas borboletas de mil cores
que lhe pousaram nos ombros, nos cabelos.
Álvaro Magalhães
O reino perdido
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